e lan­çam os novos dis­cos no Mercado Eufrásio Barbosa no maior clima de con­fra­ter­ni­za­ção indie

Por Rafaella Soares
Fotos e vídeos de Fernando de Albuquerque

Dois dos nomes musi­cais per­nam­bu­ca­nos mais ori­gi­nais dos últi­mos 20 anos esti­ve­ram reu­ni­dos na noite de sábado (7) para lan­çar “em casa” seus tra­ba­lhos mais recen­tes. As aspas se apli­cam melhor à Lirinha (natu­ral de Arcoverde), líder da anto­ló­gica Cordel do Fogo Encantado, refeito em car­reira solo. A Eddieestava no ter­raço de casa. José Paes de Lira, por sua vez, viven­ci­ava a pri­meira apre­sen­ta­ção por essas ban­das desde seu monó­logo, Mercadorias e Futuros, mos­trado no Festival Janeiro de Grandes Espetáculos, em 2008.

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As peri­pé­cias per­for­má­ti­cas trans­cen­den­tais (que invo­ca­vam dias líqui­dos em “Chover” — pedido sem­pre obe­de­cido pelo céu) deram lugar às com­po­si­ções sóbrias e arran­jos ele­trô­ni­cos, um movi­mento natu­ral desem­pe­nhado desde meda­lhões da MPB, até esse legí­timo repre­sen­tante da música regi­o­nal con­tem­po­râ­nea. A explo­ra­ção de outras sono­ri­da­des marca antes um ama­du­re­ci­mento indi­vi­dual (como é difí­cil fugir do lugar comum!), do que savoir faire puro e sim­ples. Produzido por Pupilo e com par­ti­ci­pa­ção dos con­ter­râ­neos Otto, Maestro Forró e o fale­cido Lula Côrtes (que dei­xou a par­ce­ria “Aderbayor” para a posteridade).

Essencialmente poeta, Lirinha man­tém a posi­ção de bardo, em com­po­si­ções que ver­sam basi­ca­mente sobre amo­res e seus des­do­bra­men­tos, nem sem­pre line­a­res. Pelo teor atem­po­ral cheio de sim­bo­lo­gis­mos, não causa estra­nha­mento nem ao mais fer­vo­roso segui­dor da antiga banda, o que deve con­tri­buir para man­ter inte­res­sa­dos os fãs de antes (agora tam­bém em outro momento da vida). Fica evi­dente a evo­lu­ção artís­tica do músico. No setlist, “Noite Fria”, “Valete”, “Ah, se não fosse o amor”, “Electronica”, “Ducontra”, “Ela vai dan­çar” (par­ce­ria com a Eddie, gra­vada por ambos em regis­tros dis­tin­tos), e até “Lágrimas Pretas”, feita para a can­tora Pitty, no pro­jeto 3 na Massa. À von­tade nesse novo papel, com uma banda expe­ri­men­tada, Lirinha não podia ter tido uma recep­ção melhor.

Se o show dele estava envolto numa expec­ta­tiva com­pre­en­sí­vel, a Eddie era o grande anfi­trião da noite. Lançando seu quinto disco de estú­dio, do que pode-se con­si­de­rar a mais lon­geva, heróica e autô­noma car­reira da safra pre­cur­sora da gera­ção Manguebit, Fabinho, Urêa, Kiko e André e Rob Meira entram com jogo ganho seja a cir­cuns­tân­cia que for. Estar em um show da banda Eddie é viven­ciar uma ale­gria cole­tiva abso­lu­ta­mente con­ta­gi­ante. Os músi­cos tocam com pra­zer, por­que estão de volta à (e o mer­cado Eufrásio Barbosa é mesmo uma casa pro quin­teto), o público recebe efu­sivo, por­que o clima é de pre­nún­cio do Carnaval. Desfilam hinos (clás­si­cos na mai­o­ria das vezes, conhe­ci­dos de cor pelos fãs locais, o que favo­rece o cará­ter de con­fra­ter­ni­za­ção ‘alterna’ no recinto), ven­dem CD, cha­mam Erasto Vasconcelos. É sem­pre assim, e que bom. Tem inven­ci­o­nice que se deve evi­tar. Veraneio não é exa­ta­mente uma novi­dade, mas é a prova de fór­mu­las que dão super certo.

Segue-se um setlist com “Sentado na Beira do Rio”, “Danada”, “Lealdade”, “Olinda, cidade eterna”, “Não vou embora”, “Desequilíbrio”, “Vida Boa”, “Guia de Olinda”, “Pode me Chamar”, “É de fazer Chorar” e as novas “O Saldo da Glória”, “Tanta coisa na Vida”, “Veraneio”, “Ela vai dan­çar” (bem dife­rente da ver­são de Lirinha), “Parque de Diversão”, “Delírios Espaciais” e “Casa de Marimbondo”. Salvo engano, não tem cris­tão que não saia feliz.

Show de Eddie e Lirinha
Mercado Eufrásio Barbosa, Olinda
Sábado, 6 de janeiro 2011
Produção: Rec-Beat

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